Assim que o ritmo de atirar os seus tímpanos, você sabe que é a canção de dentes afiados do Heart “Barracuda” que está na sua aparelhagem. Escrita na sequência de um comentário insensível de um promotor de discos dirigido às irmãs da banda, “Barracuda” é uma barragem sónica de punhos em forma de resposta, dando uma pancada em qualquer inapropriação persistente a uma polpa. A faixa, que apareceu pela primeira vez no segundo álbum da banda, “Little Queen”, desperta o público e é uma das canções mais memoráveis da banda. (É também muito popular como canção de karaoke.) Apanhámos a guitarrista Heart Nancy Wilson para falar sobre o poderoso riff de abertura (e as suas origens semi-controversas), a vingança que poderia ter oferecido aos compositores irmãos e muito mais.
p>É verdade que “Barracuda” foi escrito no quarto de hotel de Ann depois de um comentário de merda de um jornalista, que resultou de um comentário de merda maior de uma editora discográfica?
Havia um gajo malandro numa editora ou promotora discográfica – nem me consigo lembrar exactamente de onde. Conhece esse tipo; há muito desse tipo de tipos neste negócio. E ele ficou tipo, por causa da capa do nosso álbum onde tínhamos ombros nus a tocar… “Então, Ann, como está o teu amante?” E ela diz: “Oh, sim, o Mike é óptimo!” E ele diz: “Não, não, refiro-me à tua irmã, haha!” Então, a insinuação de que éramos amantes não foi, claro, nem de perto, verdadeira e muito suja e inapropriada.
Só éramos suficientemente jovens, apenas idealistas o suficiente para a levar muito mal e ter muita raiva à sua volta, insulto à sua volta. Então Ann foi e disparou essas palavras e nós acabámos talvez nessa noite ou no dia seguinte. (Guitarrista) Roger (Fisher) tinha um riff que era um pouco um rasgão de uma canção de Nazaré. Tinham coberto uma canção de Joni Mitchell chamada “This Flight Tonight” (Este Voo Esta Noite). E era o mesmo som de “dug-ug-a-dug”. Por isso, estavam um bocadinho PO’d connosco. Pegámos nessa vibração e corremos com ela com a nossa canção “Barracuda”. Isto é, antes de se poder processar qualquer pessoa por algo do género. (Risos.) E não era a mesma coisa, de qualquer modo.
Disseste-lhes que Led Zeppelin te roubou muito e que eles deviam simplesmente ultrapassar isso? (Risos.)
Eles não gostaram muito e nós como que os evitámos. (Risos.)
A canção tem tanta força e gosto por ela ainda hoje. Como foi escrever “Barracuda” com Ann e depois tocá-la pelas primeiras vezes?
Foi realmente poderosa. Simplesmente caiu no lugar como os bons normalmente fazem. É uma espécie de corcel galopante. É um monstro de uma canção.
Após a canção se ter tornado bem conhecida, sentiu-se vingado ou sentiu-se como se a vingança tivesse sido tirada àquele tipo desprezível?
Essa canção começou como uma canção do tipo vingança pessoal, mas quanto mais tempo esteve no mundo e quanto mais tempo a tocámos, tornou-se mais universal porque há tantas malditas barracudas por aí em todo o lado. Podia-se estar a falar com qualquer número de barracudas quando se canta aquela canção em palco. Portanto, penso que as pessoas querem sentir-se um pouco indignadas com as pessoas que são barracudas lá fora no mundo e há muitas delas!
p> Falámos da génese da canção, mas musicalmente, o que é que mais gostas em “Barracuda” e o seu ritmo pulsante, de comboio?
Eu adoro tocar sempre essa canção. É realmente grande e musculada e maior que a vida e, sabes, faz-me tocar “Barracuda” porque é tão alta e tão grande e é divertida e rápida, sabes? As pequenas partes fixes onde salta uma batida aqui e salta uma batida ali. Há ali um par de coisas de compasso estranho que o trazem para uma canção mais sofisticada. Uma canção sofisticada de fúria! Por isso, não é tão fácil como pode soar para as pessoas tocá-la, sabe, se a estão a aprender. Mas costumávamos sempre atirar barras estranhas como essa para dentro de alguma da nossa música porque seríamos uma espécie de gabarolice, do tipo: “Se atirarmos estas barras estranhas para aqui, ninguém conseguirá aprender isto facilmente e vamos parecer músicos muito fixes!” Então, éramos apenas exibicionistas, sabem? Jovens exibicionistas na casa dos 20 anos. (Risos.)
Foto Crédito: Julie Bergman