As tribulações de uma arara de Spix’s (Cyanopsitta spixii) chamada “Blu” são o foco da franquia de filmes “Rio”. Blu no filme é o último macho conhecido da sua espécie, e ele deve viajar para o Rio de Janeiro a partir do seu cativeiro no Minnesota para conhecer a última fêmea remanescente da sua espécie para salvar a sua espécie da extinção.
Volta no mundo real, os cientistas recomendaram em Setembro de 2018 que a arara do Spix, também conhecida como a “arara azul pequena”, fosse reclassificada de “criticamente em perigo” para “extinta na natureza”
Esta recomendação ainda não foi formalizada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), que mantém uma “lista vermelha” de espécies ameaçadas de extinção. A organização avaliou pela última vez a arara dos Spix em 7 de Agosto de 2018, antes do estudo acima mencionado ter sido publicado online pela primeira vez em 1 de Setembro de 2018. No seu artigo, os cientistas descreveram os últimos avistamentos conhecidos da arara de Spix na natureza:
p>p>P>Leste conhecido perto do rio São Francisco, no norte da Bahia, Brasil, onde apenas três aves permaneceram em 1985-1986, e estas foram capturadas para comércio em 1987 e 1988. Contudo, um único macho, acasalado com uma arara azul (Propyrrhura maracana) fêmea, foi descoberto no local em Julho de 1990, e sobreviveu até ao final de 2000. Não houve registos subsequentes de aves selvagens, apesar das buscas e da presença de trabalhadores de campo na área. Acredita-se que uma observação em 2016 na área de Curaca esteja relacionada com uma libertação do cativeiro. Perda de bosques de galeria e armadilhas para o comércio de aves de gaiola provavelmente conduziram a declínios.
Embora os indivíduos selvagens provavelmente não tenham sido vistos desde 2000, ainda existe uma população em cativeiro de cerca de 60 ou 70 espécies nas mãos tanto de programas de reprodução como de proprietários privados. Em 2018, o governo brasileiro anunciou que uma população de cerca de 50 araras Spix da Europa seria transferida para uma instalação de reintrodução no Brasil:
O actual lote de sobreviventes a serem repatriados da Europa ficará inicialmente num centro especial que deverá abrir em Berlim na próxima quinta-feira, onde estarão preparados para a transição. Em seguida, mudar-se-ão para um centro de reintrodução de 72 acres numa área de conservação do estado brasileiro do nordeste da Bahia, com o primeiro a ser libertado na natureza em 2021. O Ministério do Ambiente brasileiro disse que os programas internacionais de reprodução de aves em cativeiro viram a população crescer de 79 em 2012 para 158 este ano.
O número de araras de nome azul e/ou de cor azul criou alguma confusão na Internet sobre o que as aves são – e não são – ameaçadas ou extintas. Um meme viral da página francesa do Facebook Jadore Les Animaux, por exemplo, partilhou uma imagem de uma arara azul com o texto: “O mundo está de luto. A arara azul foi declarada extinta”
P>Primeiro, enquanto que existem múltiplas espécies de araras azuis, “arara azul” não é o nome comum ou informal para nenhuma delas. A espécie mais próxima desse nome seria a arara azul e amarela (Ara ararauna), cuja população não está ameaçada.
Segundamente, como a Agence France-Presse observou numa verificação de facto desse post viral, a espécie mostrada na foto era na realidade uma espécie diferente de arara conhecida como arara azul (Anodorhynchus hyacinthinus). Esta espécie é classificada como “vulnerável” pela IUCN.
Mas como os cientistas determinaram que a população selvagem da arara de Spix seria provavelmente extinta na natureza, classificamos a afirmação sobre a espécie de ave ficcionada nos filmes do “Rio” como “Verdadeira”.